domingo, 29 de janeiro de 2012


E às vezes vem aquele nó na garganta, acompanhado de uma vontade louca de se trancar numa bolha e nunca mais sair.
Você procura pelo motivo dessa angústia e inventa alguma desculpa estúpida, mas, no fundo, sabe bem do que se trata. Não, não vale a pena culpar o mundo quando a gente conhece a dor e a delícia de sermos quem somos.

 Então, você fica o dia todo com esse aperto no peito. Lembra de tudo. Claro. De cada palavra, cada telefonema, cada email. Se lembra até das coisas que ainda não viveu.
Pensa que poderia ser mais fácil, mas nunca foi covarde, afinal. Pensa que um dia só restarão as lembranças de uma vida inteira, e você quer as melhores possíveis. E por isso vai mudar TUDO pela quinta vez. Se arrisca. Aposta tudo mais uma vez. Até hoje nunca perdeu.

Então, escalar é preciso, e se atirar da mais perfeita altura também.
Mas a angústia não passa, não hoje. Domingo é mesmo um dia meio que morno, deve ser isso.

No domingo que vem tem mais, sempre. Mas, vale muito a pena. Ah, se vale. Porque sabe que, infelizmente, poucos tem essa chance de viver de verdade, com tudo. Poucos tem esse entusiasmo de experimentar cada uma das oportunidades que o mundo traz.
As pessoas se acostumam tanto com tão pouco. Por que será que elas sonham tão alto e rastejam tão baixo? Estão sempre se queixando, sempre desejando uma outra realidade.

Deixa arder, elas são um problema só delas, enfim. E esse texto não é sobre os outros, não...

Vai pro seu quarto, abre uma cerveja. Duas. Em pouco tempo, várias. Coloca aquela música, abraça o travesseiro e sente o rosto quente, molhado. Sem pensar em mais nada, finalmente dorme.

É bom demais sentir, é bom demais viver. Viver, não apenas existir. Um brinde a você que não acredita nos velhos clichês que afirmam que tristeza não tem fim, felicidade sim.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Epitáfio
quando esse corpo padecer
e a alma se libertar
o coração parar de bater
o pulmão nunca mais respirar 


serei náufraga no mar das cruzes
distante de todas as luzes


quando meu riso falso sumir

e a dor por fim me deixar
o espí­rito puder sorrir
e toda a mágoa se dissipar 
encontrarei meu lugar perfeito 
e viverei de um outro jeito.


anjos de concreto e um epitáfio 

bem escrito 
"essa menina está vivendo num reino
tão mais bonito"

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Era como estar feliz, só que ao contrário, dizia ela. E eu dava as mesmas respostas prontas de quase sempre, que ela pouco escutava.
Vivendo no automático, sem sentir ou perceber. Um tanto melhor seria a morte.
Era como se a felicidade dependesse de toda uma soma única, de um valor exato. Todos os dias procurando por algo que não se sabe o quê, e incapaz de criar ou mudar o que já se tem. O que já se é.

E ela se fingia de brava e irritada como poucos; o que só denunciava toda a sua fragilidade. Mas por que as pessoas não enxergam? Por que ninguém vê o óbvio?

Falava de assuntos que pouco conhecia, apenas decorava algumas das coisas que achava ser interessantes, que pensava fazer dela uma garota diferente. Julgava os comportamentos que, inconscientemente, desejava repetir. Os pecados que sonhava em cometer. Gritava suas ‘verdades’ por aí afora. Impunha, falava como se alguém estivesse mesmo preocupado com as suas opiniões.

E por isso, quanto mais interessante pensava ser, mais tola e pequena se mostrava.
Era como ingerir veneno e tentar vomitá-lo no rosto das pessoas. Era como discutir um filme que nunca se assistiu.

E nessa constante busca pelo não se sabe o quê, ela desaba e, conforme o previsto, vira apenas mais uma pessoa. No sentido mais generalizado. Na maneira mais comparativa.

Mas eu vim até aqui para salvá-la. Era como querer correr quando se está em um pesadelo.

Era como começar um texto e não saber ao certo como terminar. Era como falar de alguém que não se conhece.

Não se apresse, não se atrase, menina... No fim disso tudo, você só vai descobrir a vida. A vida.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

...foram dias de pôr do sol nas redondezas do castelo...

Minha Glass House iluminada com o sorriso do meu pequeno príncipe... Vamos atarracar no rabo do cometa e descobrir planetas distantes. Sou sua rosa, antes mal criada e espinhosa, e ele cuidadosamente rega e escuta... Coloca o pára -vento para eu não adoecer...

E mesmo havendo milhões de rosas pelo mundo, eu sou Única, porque o tenho e ele me tem.
Juntos voamos pela atmosfera azulada, assoviando velhas canções que não se fazem mais e nos enroscando no lume das estrelas. É ele quem as acende.

Foi, por fim, uma colisão de galáxias. E eu desisto de tentar: não há como explicar os encantos dessa minha vida.