E às vezes vem aquele nó na
garganta, acompanhado de uma vontade louca de se trancar numa bolha e nunca
mais sair.
Você procura pelo motivo
dessa angústia e inventa alguma desculpa estúpida, mas, no fundo, sabe bem do
que se trata. Não, não vale a pena culpar o mundo quando a gente conhece a dor
e a delícia de sermos quem somos.
Então, você fica o dia todo com esse aperto no
peito. Lembra de tudo. Claro. De cada palavra, cada telefonema, cada email. Se
lembra até das coisas que ainda não viveu.
Pensa que poderia ser mais
fácil, mas nunca foi covarde, afinal. Pensa que um dia só restarão as
lembranças de uma vida inteira, e você quer as melhores possíveis. E por isso
vai mudar TUDO pela quinta vez. Se arrisca. Aposta tudo mais uma vez. Até hoje
nunca perdeu.
Então, escalar é preciso, e
se atirar da mais perfeita altura também.
Mas a angústia não passa, não
hoje. Domingo é mesmo um dia meio que morno, deve ser isso.
No domingo que vem tem mais,
sempre. Mas, vale muito a pena. Ah, se vale. Porque sabe que, infelizmente,
poucos tem essa chance de viver de verdade, com tudo. Poucos tem esse
entusiasmo de experimentar cada uma das oportunidades que o mundo traz.
As pessoas se acostumam tanto
com tão pouco. Por que será que elas sonham tão alto e rastejam tão baixo?
Estão sempre se queixando, sempre desejando uma outra realidade.
Deixa arder, elas são um
problema só delas, enfim. E esse texto não é sobre os outros, não...
Vai pro seu quarto, abre uma
cerveja. Duas. Em pouco tempo, várias. Coloca aquela música, abraça o
travesseiro e sente o rosto quente, molhado. Sem pensar em mais nada,
finalmente dorme.
É bom demais sentir, é bom
demais viver. Viver, não apenas existir. Um brinde a você que não acredita nos
velhos clichês que afirmam que tristeza não tem fim, felicidade sim.