terça-feira, 25 de setembro de 2012

lá na roça tudo é triste, até o jeito de falar...

E entre alegrias e ansiedades, eis que surge - ainda que de leve - o medo. Eu olho pra todos esses rostos bronzeados de sol, corpos que encaram o trabalho no campo, gente tão simples, tão feliz, tão minha.

A moda de viola na hora do almoço, o português à la Guimarães Rosa proseado por uma gente tão verdadeira e de amores tão intensos.
O cheiro da chuva na terra. Aquele bando de pássaros cantando pro pôr do sol. A comida perfumada e feita aos montes, porque na roça o almoço é sempre feito em toneladas... só quem viveu isso sabe bem o que é...

É um sotaque meio que único, um jeito preguiçoso de conversar sobre essa vida que passa quase que parando.
Tudo, por menor que seja, vira assunto. Tudo vira causo. E entre a preparação pra mudança e a viagem, tudo vira caos.

Mas, ninguém falou que seria fácil, ninguém falou que seria indolor. Porque, quanto mais as coisas aconteçam (e elas acontecem aos montes) mais humana eu fico, sujeita a milhares de dores e felicidades.

A vida aqui nessa terra assim: devagar, aos poucos, gigante, única. E um dia eu volto pra ela.

domingo, 23 de setembro de 2012

2 x 23

Tentando decidir o que cabe em duas bagagens quando a gente opta por um sonho. Duas malas, 23kg cada. É tudo o que eu posso levar. E não, não estou reclamando! Eu, que adoro desafios e que já recomecei algumas dezenas de vezes, estou apenas amando isso tudo!

Separando peças, me livrando de peso desnecessário (entre objetos e pessoas), um turbilhão na cabeça e uma paz absurda no coração.
A melhor coisa do mundo é decidir por si mesma, fazer só aquilo que se tem vontade, quebrar as correntes, ser livre... A melhor coisa do mundo é saber que não é questão de sorte, e sim de competência.

Minha mãe me ensinou a não culpar as circunstâncias, o governo, o clima ou blá quando as coisas não dão certo. Meu pai me ensinou a nunca deixar as coisas darem errado. E eu cresci assim, com essa vontade louca de ser feliz e de amar sempre.

O álbum de fotos não vai comigo (muito pesado!), mas eu não gosto de álbum digital. Dois pacotes de café são presença confirmada em uma das malas. Preciso me livrar de coisas, preciso comprar outras tantas.
Coisas que vão ficando pra trás, dvd's, livros de Psicologia, coisinhas, coisonas. Coisas novas que estão por vir.

Muita cor, muito Brasil dentro da mala, mais ainda dentro de mim.

Meu quarto está uma bagunça, mas é bom ver a vida assim se ajeitando. Quem diria... Porque só duas pessoas nesse mundo sabem de fato, com todos os detalhes.
Uma parada pra um cigarro, a lembrança daquele dia em que uma simples FR mudou a sua vida todinha, antes mesmo de você saber.

Eu olho pras malas, preciso de mais espaço, preciso de pôrra nenhuma. Tudo o que é necessário cabe na minha bolsa: passaporte e Visto K1.
Deixo as malas pra outro dia, porque no fim da matemática, 2x23 é muito pouco pra levar quem não vai comigo, e ao mesmo tempo, espaço demais pro sorriso que eu guardo no peito.