Aqueles segundos que precedem a morte, onde a vida toda passa diante dos seus olhos; ele pensa, imóvel, nas coisas que deixou de fazer por pura e simples covardia.
O pé de jabuticaba e os constantes tombos lhe renderam algumas cicatrizes nos joelhos; o cheiro da chuva molhando a terra; as vezes em que rolava na grama e saía com o corpo pinicando... Sim, ele fora moleque um dia, mas quase nunca se lembrava disso; era adulto demais, sem planos, sonhos, utopias, enfim... Crescera e dera ouvido as pessoas ‘importantes e sábias’, queria ser como elas no passado, mas naquele momento tudo o que mais desejava era ter sido mais sonhador.
Sete segundos, ele vê o cachorro lambendo suas mãos e a alegria que aquilo lhe dava; viu a esposa; como ela iria reagir? De joelhos o tempo passa, lenta e cruelmente; as batidas do coração ameaçam falhar, mas as lembranças insistem em correr diante seus olhos.
A vida toda a gente gostaria de viver de verdade, mas só no momento da morte é que se lembra disso...
Lembra o primeiro emprego, os primeiros tudos, vê lágrimas e sorrisos bem ali, na sua frente, e sabe que esse talvez será seu útimo minuto.
Uma criança jogando bola, ela corre e abraça a mãe num gesto sublime de amor e gratidão. Seria ele, aquela criança? Nem se lembrava mais da última vez em que dissera palavras agradáveis a um ente querido.
A tristeza é tão grande que nem sobra lugar para o medo; indefectível e instantaneamente, ele suspira uma última vez, fecha os olhos e morre.
um dia, ninguém se lembrará de você... ninguém.
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ResponderExcluir"um dia, ninguém se lembrará de você... ninguém.
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Sem palavras... pq é verdade.